A icterícia no bebê, também conhecida como icterícia neonatal ou hiperbilirrubinemia neonatal, acontece quando há aumento da concentração de bilirrubina no sangue do bebê, resultando em pele, olhos e mucosas mais amareladas.
A icterícia neonatal é considerada normal durante a primeira semana de vida devido à incapacidade do fígado de metabolizar e eliminar a bilirrubina, por estar ainda pouco desenvolvido. No entanto, em alguns casos o acúmulo de bilirrubina pode ser causado por doenças, sendo importante que seja feita uma investigação para que possa ser identificada a causa da icterícia e iniciar o tratamento mais adequado, que normalmente é feito através da fototerapia.
A bilirrubina é um pigmento de cor amarela que é produzido pela degradação das células sanguíneas do corpo, sendo, em seguida, captada pelo fígado onde é ligada a proteínas e eliminada junto com a bile pelo intestino. Por isso, alterações em qualquer uma destas fases pode provocar a elevação deste pigmento no sangue, resultando na hiperbilirrubinemia. Saiba mais sobre a bilirrubina.
Causa da icterícia neonatal
A maioria dos casos de icterícia neonatal é fisiológica, acontecendo após 24 a 36 horas do nascimento devido ao fato do fígado do bebê estar pouco desenvolvido, podendo apresentar dificuldades em transformar e eliminar a bilirrubina. No entanto, é possível que a alteração dos níveis de bilirrubina aconteçam devido a outras causas, sendo as principais:
- Destruição aumentada das células do sangue: é uma causa grave de icterícia, que acontece devido a doenças sanguíneas como anemia falciforme, esferocitose ou anemia hemolítica, que pode ser provocada pela incompatibilidade do sangue do bebê com o da mãe, sendo essa situação conhecida como eritroblastose fetal;
- Icterícia do leite materno: surge em bebês que estão em amamentação exclusiva, geralmente, após cerca de 10 dias do nascimento, como consequência do aumento de hormônios ou substâncias do sangue que elevam a reabsorção de bilirrubina no intestino e dificultam a sua eliminação, apesar de suas causas ainda não estrem totalmente esclarecidas;
- Doenças do fígado: costumam ser doenças hereditárias, como síndrome de Crigler-Najjar, síndrome de Gilber e doença de Gaucher, por exemplo;
- Doenças congênitas: como por exemplo o hipotireoidismo congênito;
- Infecções: que podem ser adquiridas durante a gravidez, como a rubéola, já que podem interferir no metabolismo da bilirrubina.
É importante que o bebê fique em observação ao serem notados sinais de acúmulo de bilirrubina, mesmo que a causa seja fisiológica, pois assim é possível que os níveis de bilirrubina sejam monitorados regularmente, evitando que existam complicações para o bebê, uma vez que níveis muito elevados de bilirrubina no sangue podem ser tóxicos. Veja mais sobre a hiperbilirrubinemia neonatal.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico inicial da icterícia é feito pelo pediatra por meio de exame físico, em que é observada a coloração amarelada do rosto, tronco e pés. Além disso, são realizados exames de sangue, como teste do pezinho, hemograma, tipagem sanguínea da mãe e do recém-nascido e dosagem de glicose-6-fosfato, além da dosagem de bilirrubina total, direta e indireta.
Dessa forma, através dos exames solicitados pelo médico, é possível confirmar a icterícia e identificar a causa, sendo importante para que o tratamento mais adequado seja iniciado.
Tratamento para icterícia neonatal
O tratamento para icterícia neonatal deve ser feito independentemente da causa, pois é importante que os níveis de bilirrubina no sangue estejam controlados, pois assim é possível prevenir lesão cerebral, por exemplo, que é uma das consequências da toxicidade da bilirrubina.
Tratamento com fototerapia
A fototerapia é o principal tratamento para icterícia no bebê e é feita com a colocação do bebê num pequeno bercinho onde fica completamente nu, usando somente fralda, ficando exposto a uma luz com um comprimento de onda adequado para a absorção da bilirrubina. Durante a exposição, é colocado no bebê uma máscara protetora para proteger os olhos.
De acordo com a gravidade da icterícia, idade e peso do bebê, a exposição pode ser mais ou menos prolongada e pode haver variação do aparelho utilizado. Saiba mais sobre a fototerapia.
Outras formas de tratamento
Amamentar o bebe é uma ótima forma de complementar o tratamento, pois reduz a reabsorção de bilirrubina no intestino.
Já no casos mais graves de icterícia, como as de causa infecciosa, congênita ou genética, o tratamento é específico de acordo com a causa, orientado pelo pediatra, durante a internação hospitalar, podendo envolver uso de antibióticos, corticóides, hormonioterapia ou, nos casos de bilirrubina muito elevada, a exsanguíneotransfusão, que ajuda a remover mais rapidamente a bilirrubina do sangue.